quinta-feira, 12 de junho de 2008















The Three Ages of Woman (det.) – Gustav Klimt


Mãe, rosto da eterna espera


A minha mãe não dorme enquanto eu não chegar.

Entrego-me aos labirintos da noite e ela faz arroz-doce,

reza para que o meu anjo-da-guarda me traga inteiro a casa,

sonha com os tempos idos tranquilos de outrora

imaginando-me menino aos ninhos, ou pequeno ladrão de nêsperas.

A minha mãe é avessa à escuridão, às sombras

que estão para além dos muros – por isso é o rosto da eterna espera.

A minha mãe não dorme enquanto eu não chegar.

Caço estrelas cadentes desnorteadas e ela,

ela enfeita o arroz-doce com círculos de canela,

espera-me como eu espero pela noite para dar vida a mais um poema.

Também eu não durmo enquanto o poema não chegar...


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