sexta-feira, 18 de julho de 2008






















Insomnia – Remedios Varo


Insónia


Que barulho faz uma mão vazia pela noite dentro?

Que som produz o poema arrancado a ferros?

Num insossego rasgo a noite de papel em claro,

corro atrás das centopeias e sonho pisá-las com um único pé,

mas a mão continua vazia, e hesita.

As palavras escapam-se como peixinhos-de-prata

e roem o poema nos interstícios mais subtis.

Escrevo insónia, e nada...

Mudo de caneta, entorno a tinta permanente na mesa

permanentemente branca, irremediavelmente azul.

Olho para o espelho e não me vejo.

Vejo a mão vazia avançando pela noite dentro.


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