
Still Life - Madeline von Foerster
Espírito zen
Em que penso?
Mastigo um caule de feno
e nem penso no mastigar; apenas
saboreio o seu nada em forma de seiva:
é doce – sabe-me a folhas finas de erva
afagadas pela brisa que sussurra do teu lado,
mas não penso no sussurrar. Apenas constato
que os pirilampos não sabem por que brilham,
nem os grilos do prado sabem por que cantam,
nem as montanhas sabem por que são altas,
mas eu subo as suas escarpas pontiagudas
só para soprar as corolas dos dentes-de-leão
e ver partir as sementes irradiando luz,
mas também não penso no partir:
penso em seiva de feno:
penso em nada.