The Three Ages of Woman (det.) – Gustav Klimt
Mãe, rosto da eterna espera
A minha mãe não dorme enquanto eu não chegar.
Entrego-me aos labirintos da noite e ela faz arroz-doce,
reza para que o meu anjo-da-guarda me traga inteiro a casa,
sonha com os tempos idos tranquilos de outrora
imaginando-me menino aos ninhos, ou pequeno ladrão de nêsperas.
A minha mãe é avessa à escuridão, às sombras
que estão para além dos muros – por isso é o rosto da eterna espera.
A minha mãe não dorme enquanto eu não chegar.
Caço estrelas cadentes desnorteadas e ela,
ela enfeita o arroz-doce com círculos de canela,
espera-me como eu espero pela noite para dar vida a mais um poema.
Também eu não durmo enquanto o poema não chegar...
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