Self portrait – Madeline von Foerster
Xácara das sete bruxas
Há no bosque da minha aldeia
sete bruxas, dizem, muito belas.
Ainda um dia destes me perco
e entrego-me a uma delas.
Das sete, seis avoam de noite:
passam pelos peitoris ensebados,
de vassouras mágicas em punho,
roçando neles as nádegas dos rabos.
Das sete, cinco bailam ao luar,
juntam-se nos ermos terreiros
e, tocando adufes sempre à roda,
atraem os mancebos solteiros.
Das sete, quatro despem-se todas
e banham-se na frescura das fontes.
São tão esbeltas e tão fogosas
que enlouquecem os viajantes.
Das sete, três são ruins feiticeiras:
secam sapos e mandrágoras no telhado,
falam com os negros corvos ao ombro
e lançam pragas de mau-olhado.
Das sete, duas são boas alquimistas,
defumam as vestes de artemísia e saflor,
conhecem os antigos segredos das ervas
e preparam infalíveis filtros de amor.
Das sete, uma tem olhos verdes
e há quem lhe denomine Cloé.
Usa tiaras de jasmim no cabelo,
chamam-lhe bruxa e não sabe que o é.
Há no bosque da minha aldeia
sete bruxas, dizem, muito belas.
Ainda um dia destes me perco
e entrego-me a uma delas.
Sem comentários:
Enviar um comentário