sábado, 3 de janeiro de 2009

























Still Life - Madeline von Foerster


Espírito zen


Em que penso?

Mastigo um caule de feno

e nem penso no mastigar; apenas

saboreio o seu nada em forma de seiva:

é doce – sabe-me a folhas finas de erva

afagadas pela brisa que sussurra do teu lado,

mas não penso no sussurrar. Apenas constato

que os pirilampos não sabem por que brilham,

nem os grilos do prado sabem por que cantam,

nem as montanhas sabem por que são altas,

mas eu subo as suas escarpas pontiagudas

só para soprar as corolas dos dentes-de-leão

e ver partir as sementes irradiando luz,

mas também não penso no partir:

penso em seiva de feno:

penso em nada.